Título: Eurico, o Presbítero
Autor: Alexandre Herculano
Opinião: A excelente escrita de Alexandre Herculano foi mesmo o que mais me agradou neste pequeno livro.
É que a história é apenas moderadamente interessante e está contada numa estrutura que me pareceu confusa, com cartas a alternarem com momentos de narração, sem se ligarem muito bem uns com os outros.
Depois há o problema do fervor religioso. Acho que um padre guerreiro é uma personagem extremamente interessante pela sua ambiguidade, e pelo seu conflito natural, mas o autor perdeu-se em aleluias e amens, e todas as personagens acabaram por ser diluídas.
Quer dizer, eu percebo que uma história destas, na altura em que se passa, e com o tipo de personagens que tem, só pode estar extremamente imbuída de fervor religioso. Mas passa-se o mesmo que se passou com a terceira parte da Divina Comédia: o que é de mais, enjoa.
No entanto, a personagem principal, o Eurico do título, ainda é o que está melhor caracterizado. A forma como as suas 2 facetas, o homem do clero e o guerreiro, se confrontam e complementam está bem feita, e foi do que mais em agradou.
Falta só acrescentar que volta e meia apareceram momentos agressivos e violentos que me surpreenderam e impressionaram: as várias batalhas, muito bem descritas, e a cena em que as monjas se safam de um ataque ao convento, e que foi, para mim, o momento alto do livro em termos descritivos e mestria literária.
Eurico, o Presbítero é assim um bom livro, que prima pela escrita, pela personagem principal e por ocasionais momentos bastante fortes e intensos.
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