sexta-feira, 11 de julho de 2014

Saga (Epic #2)


Autor: Conor Kostick


Opinião: Depois de ler o primeiro volume fiquei bastante curioso com a continuação. É que tudo parecia estar fechadinho e explicado, mas ainda com mais dois livros na colecção.

O começo deste livro responde logo a essa dúvida, mas fiquei com sentimentos contraditórios quanto à forma como o faz: se por um lado fiquei satisfeito com o artifício que o autor arranjou, por outro fiquei bastante desiludido por se ter desligado quase completamente do livro anterior.

Eu explico. Mas ficam avisados que há spoilers a partir daqui. Continuem por vossa conta e risco...

No final de Epic, o protagonista deu cabo do jogo. Concluiu uma missão que terminou o jogo e pronto. Ficou por explicar o que aconteceu àqueles que antes governavam, que não perdem propriamente o poder que tinham só porque o jogo desapareceu. Mas tirando isso, bem, a história ficou basicamente terminada. Todos ficaram a viver felizes e despreocupados, numa sociedade "arranjada".

Mas o autor surpreendeu-me e conseguiu desencantar algo de que eu já não me lembrava. Estas personagens que jogavam Epic não são os humanos originais, são colonos num planeta que não é a Terra. Ora bem, o que aconteceu às pessoas da Terra? Resposta fácil: foram chacinados pela rainha de Saga, outro jogo de computador, que se tornou demasiado inteligente e autónoma.

E essa rainha agora quer conquistar o resto dos humanos, para que estes possam alterar o código do jogo e moldar o mundo de Saga segundo a sua visão.

Interessante. Muito interessante. Começa por soar um pouco forçado, mas até faz sentido e tal. Deixa-se passar. O que não se deixa passar é o facto de Erik e companhia, protagonistas de Epic, terem um papel mais do que secundária, e aparições muito reduzidas. A sua relevância para o enredo também é perto de nula.

E, claro, a pior coisa de todas: nenhuma das pontas soltas no final do último livro foram aproveitadas. Não se menciona nada de especial relativamente à nova sociedade que teve que ser criada depois do fim do Epic, nada. Nem vou falar do facto de descobrirem que existe um jogo novo, já que ninguém devia sequer pegar no equipamento, uma vez que o jogo que tinham, Epic, ter deixado de existir.

Mas enfim, pormenores. Sobre este livro tenho a dizer que as personagens são mais interessantes, se bem que a protagonista não me agrada por aí além. É demasiado... Inconstante. Pouco consistente. Mas felizmente há algo para compensar: a principal antagonista, a Dark Queen, chefe suprema deste mundo virtual, manipuladora, fria e implacável. Alguns dos capítulos seguem o seu ponto de vista e são espectaculares.

Tirando isso, não há grande coisa a apontar e voltamos novamente ao mesmo problema: o que fazer agora que a história está fechada... outra vez? Concedo que seja possível, e com moderado sucesso, que o autor já o fez uma vez, mas não sei se da segunda vez não vai sair mais forçado, ou então repetitivo. De qualquer das formas, estou curioso. Só não aconselho propriamente esta trilogia... Talvez a pessoas mais novas, como porta de entrada para coisas muito, mas muito melhores.

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