quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Perfume


Como já a Arisu disse, na sua opinião, arrepiantemente soberbo, é provavelmente a melhor maneira de descrever este livro. E não chega.

Aliado a uma história de uma originalidade inimaginável, temos uma qualidade de escrita impressionante. Os capítulos curtos, de acontecimentos rápidos, ajudam ao suspense, mantendo-nos agarrados do princípio ao fim.

O livro conta a história de Grenouille, nascido em Paris, com destino a morrer, mas que, por, quem sabe, sorte, sobrevive. Desde cedo nota que tem uma espécie de "dom" especial. O seu nariz. A sua capacidade olfactiva é absolutamente extraordinária, conseguindo cheirar pessoas a quarteirões de distância, ou conseguindo-se embriagar nalgum aroma particularmente agradável.

Junta ainda a isto, a sua mais do que excelente memória, e dedica-se à criação de uma "biblioteca de odores". Com o passar dos anos, inicia uma busca pelo perfume perfeito, e pela capacidade de extrair o aroma do que muito bem lhe apetecer. Torna-se perfumista, e parte para Grasse, onde descobre, finalmente, como produzir o aroma perfeito.

Pessoalmente, acho que a utilização dos odores para as descrições, apenas as torna mais ricas e realistas. Numa Paris do séc. XVIII, coisa que não falta são aromas, desde os mais delicados, ao puro fedor. E Grenouille delicia-se com isso, aprendendo os cantos à casa. Caminha no escuro, apenas com a ajuda do seu nariz, torna-se um perfumista exemplar, ao criar os mais belos perfumes, sem a utilização de uma única fórmula, apenas com a ajuda do seu poder olfactivo, e da sua poderosa memória.

Arrepiante, é certo, as mortes (ou não fosse este livro a História de um assassino), são sempre motivadas pelo odor, pelo desejo de possuir aquele cheiro tão absolutamente magnífico, e pela capacidade de produzir o aroma perfeito. Um livro que não é excessivamente pesado, é pequeno, lê-se rapidamente, e não é tão forte como muitas críticas dizem. Ah, e o final? Arrepiante. Sangrento. Excelente.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Visto do Céu


Susie Salmon é uma adolescente normal de 14 anos. Anda no liceu, lê a Vogue, gosta de um rapaz, tem uma família que a ama, mesmo que nem sempre a compreenda.
Porém Susie tem uma pequena particularidade, foi brutalmente violada e assassinada por um vizinho, e agora está no Céu.
O Céu, onde pode ter tudo o que quiser, não pode no entanto ter o que ela e todos os habitantes do Céu mais desejam: a vida.
Entre as conversas com Holly, a sua amiga do Céu, e as estranhas diversões no mesmo, Susie vai espreitando para a Terra, observando silenciosamente a sua família, sofrendo pela sua morte, os colegas da escola que comentando a sua morte a tornaram na rapariga mais popular da escola, e o assassino tentando apagar as pistas do seu crime, assim como o próprio corpo de Susie.
Um livro perturbador, realista, espiritual, e de uma precisão imensa, e de uma reflecção profunda sobre a mente e os sentimentos humanos, Visto do Céu de Alice Sebold, é já um poderoso candidato a clássico.

Trailler do filme inspirado no livro:

domingo, 27 de setembro de 2009

A Sociedade das Trevas


O terceiro livro desta pentalogia escrita por Anthony Horowitz, "A Sociedade das Trevas" consegue retomar algum do interesse perdido no livro anterior, "A Estrela Maldita". Ao contrário desse, que achei mau, este retoma o razoável do primeiro livro, "O Portão do Corvo", embora tenha alguns aspectos que eu não tenha gostado.

A primeira coisa, é que toda a história dos outros dois livros, simplesmente desaparece durante grande parte do livro, que conta a história de Jamie e Scott, dois gémeos com poderes especiais. Matt, Pedro, Richard, o Nexus, os dois portões, os Velhos, pouco são falados durante grande parte do livro. Foi uma quebra brutal no ritmo da história.

A própria história deste livro tem um seguimento algo descontínuo, com uma estranha visita ao passado distante, que se cruza com o futuro não muito distante, para combater aqueles que já foram derrotados e que têm que ser derrotados outra vez. A ideia em si não é má, mas, pessoalmente, achei que ficou mal-contada, e que podia ter tido uma explicação mais decente.

Um grande ponto a favor deste livro, e que me impede de o classificar como o mau, é o último capítulo, a jeito de epílogo. É provavelmente o melhor capítulo de todo o livro. Desculpem por avançar pormenores da história, mas cá vai: Depois de na estranha visita ao passado, ficarmos a conhecer a última dos Cinco, Scar, no último capítulo assistimos a uma rapariga, Scarlett Adams, a partir de avião para Hong Kong. Está descoberta a última dos Cinco. Qual não é a minha surpresa, choque mesmo, ao descobrir que ela é a filha do presidente da Nightrise, que é a tal Sociedade das Trevas mencionada no título, e que quer impedir os Cinco de fazerem o seu trabalho, e ajudar os Velhos. A última dos Cinco, é filha do presidente dessa corporação.

Só por esse capítulo, desculpo as asneiras todas ao longo do livro. Para não falar nos erros de tradução, que podia ter sido mais cuidada.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Jules Verne


Jules Verne (ou, como é, na minha opinião, erradamente chamado por cá, Júlio Verne) nasce em Nantes, a 8 de Fevereiro de 1828, e morre em Amiens, a 24 de Março, de 1905. Um dos mais famosos escritores de todos os tempos, Verne é o autor mais traduzido em todo o mundo, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 80 livros, que foram traduzidos para 148 línguas.

Verne é tido como um dos primeiros e principais precursores da ficção científica, tendo descrito nos seus livros, muito detalhadamente, coisas como o submarino, as botijas de oxigénio para o mergulho, uma Paris do séc. XX, uma viagem espacial, entre muitas outras coisas, várias delas, antes mesmo de serem inventadas, ou de acontecerem.

Embora seja um dos "pais" da ficção científica, o género que mais escrevia, e que misturava com a ficção científica, era a aventura. Quase todos os seus livros são sobre viagens, ou sobre destinos longínquos para a maior parte das pessoas. Há quem diga que a sua infância vivida perto do porto e das docas, o terá influenciado para esse género literário.

O seu livro mais conhecido, é "A Volta ao Mundo em 80 Dias", a par com "As 20.000 Léguas Submarinas", e "Viagem ao Centro da Terra", mas o primeiro foi "5 Semanas em Balão", publicado em 1862, depois de Verne dar início à sua carreira literária, ao associar-se ao experiente editor, Hetzel, que trabalhava com nomes como Alfred de Brehat, Victor Hugo, George Sand e Erckmann-Chatrian.

Há vários livros editados depois da sua morte, por seu filho, Michel, que chegou mesmo a escrever alguns capítulos que faltavam. Além disto, existem inúmeras adaptações cinematográficas e televisivas das suas obras, que também servem de inspiração para muitas outras coisas.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Gregory Maguire

Nascido a 9 de Junho de 1954, em Albany, Nova Iorque, recebeu um bacharelato em artes, da State University of New York at Albany, e um doutoramento em literatura inglesa e americana da Tufts University. Entre 1979 e 1985, foi professor e co-director da Simmons College Center for the Study of Children's Literature. Em 1987, foi um dos co-fundadores da Children's Literatura New England. É também um membro da National Children's Book and Literacy Alliance. Maguire é casado com o pintor Andy Newman, e juntos adoptaram 3 crianças.

Gregory Maguire é um conhecido escritor americano de livros para crianças e para adultos. Já escreveu 21 livros para crianças, mas é mais conhecido pelos seus livros para adultos, que são, na sua grande maioria, histórias conhecidas de toda a gente, contadas de outra perspectiva, ou de outra maneira. É o caso do primeiro, "Wicked", "A Bruxa de Oz" em português, que conta a história da Bruxa Má do Oeste, personagem de "O Feiticeiro de Oz", de L. Frank Baum. Lançou também "Confessions of an Ugly Stepsister", que conta a história da Cinderela, a partir da perspectiva das suas meias-irmãs; "Lost", uma história de mistério, que conta com o fantasma de Jack o Estripador; "Mirror, Mirror", a história da Branca de Neve, recontada; "Son of a Witch", ou "O Herdeiro de Oz", na versão portuguesa, a continuação de "A Bruxa de Oz", que conta a história de Liir, o filho da Bruxa de Oz; e, por fim, "A Lion Among Men", com a tradução ainda não prevista para Portugal, que é o 3º livro da série de "A Bruxa de Oz".

Praticamente todos os seus livros chegaram aos tops de vendas, "Wicked" já foi adaptado a musical, e já se prometeu um filme, em 2010, e "Confessions of an Ugly Stepsister" foi adaptado para um filme de televisão. O autor tem causado alguma polémica por causa da sua homossexualidade, e das várias menções a esse tema nos seus livros, quer sejam leves, óbvias, ou praticamente imperceptíveis.

domingo, 20 de setembro de 2009

Roderick Gordon e Brian Williams


Roderick Gordon, descendente de vários escritores e poetas, como RD Blackmore, Philip Doddridge, e Matthew Arnold, além de dois paleontologistas e conhecidos excêntricos, William e Frank Buckland, nasceu em Londres, e por lá ficou até à universidade. Trabalhou em finanças corporativas, na cidade, até 2001, e mudou-se recentemente, com a família, para o Norte de Northfolk.

Brian Williams cresceu em Zâmbia, até se mudar para Liverpool com a sua família, nos anos 70. Frequentou a The Slade School of Fine Art, e, depois de se graduar, continuou a pintar, escrever, e a fazer filmes, o que englobava trabalhar nos seus próprios filmes, bem como ser Director Artístico e actor, numa série de produções do Reino Unido. Actualmente vive em Hackney.

Juntos, lançaram "The Highfield Mole" em 2005, que só mais tarde viria a adquirir o nome de "Tunnels", ou "Túneis - O Segredo da Cidade Eterna", na versão portuguesa. O livro teve um imediato sucesso, sendo apontado por vários críticos como o sucessor de Harry Potter, e a próxima grande saga literária.

Em 2008, chega-nos "Deeper", ou "Túneis - A Aventura na Planície Assombrada", que continuou com o estrondoso sucesso do primeiro livro. Por fim, em 2009, os autores lançam "Freefall", ainda sem tradução em português, e anunciam o quarto livro da série "Closer", para 2010.

sábado, 19 de setembro de 2009

A Estrela Maldita


O segundo livro desta saga de 5 livros iniciada com "O Portão do Corvo", "A Estrela Maldita" segue o mesmo estilo, rápido, com poucas descrições, e de frases curtas. No entanto, não houve um aumento gradual dos elementos sobrenaturais, pois essa passagem já tinha acontecido no primeiro livro.

Ora o que acontece, é que logo desde o início que temos situações estranhas, e recurso aos poderes marados e afins. A história adensa-se um pouco, descobre-se outro dos Cinco, surge um novo inimigo, surgem novos aliados, e surge um novo portão.

Mas, embora o outro fosse razoável, não hesito em classificar este como mau. A história não tem um percurso natural, parece-me algo forçado em várias partes, a escrita torna-se confusa, e os acontecimento parecem desconexos, e torna a história pouco atractiva. É como se o autor quisesse despachar as coisas para que conseguisse lá meter tudo o que queria meter. E isso, como é óbvio, estraga a história.

Portanto, o primeiro, é, muito sinceramente, melhor. E agora vamos lá ver o que sai do terceiro...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Portão do Corvo


Anthony Horowitz, um autor normalmente mais virada para a acção e o suspense, entra no mundo da fantasia, com esta colecção, iniciada pelo "O Portão do Corvo". E safou-se bem. Mantendo o suspense que lhe é característico, Horowitz consegue ir dando pequenas pistas ao longo de grande parte do livro, para, de repente, tudo descambar.

É dessa forma que ele escreve a história de Matt, um rapaz de 14 anos cujos pais morreram quando ele tinha apenas oito anos, num acidente de viação. Fica a viver com a meia-irmã da mãe, Gwenda Davis, e o seu companheiro Brian, mas tudo o que lhes interessa, é o dinheiro deixado a Matt. Ele sempre soube que era diferente das outras pessoas, mas optou sempre por ignorar esse facto. Infeliz, encontra um amigo num pequeno patife, que o leva a praticar vários delitos, coisas menores, como pequenos assaltos, e afins. Mas tudo mudo quando os dois assaltam um armazém e tudo corre mal...

Bruxas, energia nuclear, misteriosos assassinatos, os Velhos, Matt, antigas crenças, uma sociedade secreta. Tudo ingredientes que Horowitz consegue juntar, misturar e fazer deles o que quiser, mantendo um certo interesse na história. Honestamente, não achei o livro óptimo, mas gostei, é razoável e dá para entreter. O suspense está realmente muito bem conseguido, embora por vezes me tenha parecido algo exagerado. O estilo de escrita, em si, não me atrai. Frases curtas, por vezes parágrafos inteiros com frase de 3 ou 4 palavras, o que não me agrada lá muito.

Mas tirando isso, é um livro relativamente bom, e aconselhado, em especial, para quem não gosta muito de ler. É um livro que prende logo no início, tem uma história interessante, e é de leitura rápida e fácil.

sábado, 12 de setembro de 2009

Oliver Twist



Se estão a ler este post, decerto já ouviram falar das aventuras e desventuras do jovem Oliver Twist. E, ou querem conhecer a minha opinião acerca desta obra do intemporal Charles Dickens, ou querem saber se vale mesmo a pena lê-lo. Ora, então sem mais demoras aqui têm a minha opinião, que provavelmente nem fará jus suficiente a esta magnifica obra com a qual me detive esta semana e meia: Acho que como critica a este livro basta dizer que fiquei absolutamente fã de Dickens, que passou a ser de longe um dos meus escritores preferidos, senão mesmo o eleito entre todos os outros.

Sobre a história:
Órfão à nascença, depois da morte prematura da sua mãe ao dar à luz, Oliver Twist é forçado a viver num albergue de mendicidade, que tinha como senhor absoluto o terrível Sr. Bumble, que sujeitava os rapazes a incansáveis maus tratos e a passar fome. Desesperado, embora determinado, Oliver consegue fugir para Londres. Sem dinheiro e completamente sozinho, é sequestrado para o mundo do crime pelo sinistro Fagin, cabecilha de um bando de ladrões. Envolvido por um bando de patifes, o bom Oliver é preso por um crime que não cometeu. A vida do rapaz muda quando conhece o Sr. Bownlow, o alvo do roubo, lhe dá comida, roupas, abrigo e afecto. Porém, Twist é novamente raptado pelo grupo de ladrões de Fagin, que estava com medo que os denunciasse ao Sr. Bownlow. Com efeito, os ladrões tentaram impregnar o espírito do roubo ao rapaz, embora sem sucesso. Como tentativa desesperada de levar o sempre honesto Oliver a tornar-se bandido, o bando de Fagin monta um esquema de assalto, envolvendo o rapaz sem ele saber. Na sequência do assalto, Twist decide tentar avisar alguém residente na mansão, e esbarra, acidentalmente com os donos da casa, que disparam sobre ele, sem saberem que se tratava de uma criança.
Vendo-se em perigo, o pequeno foge da casa com os ladrões, mas estes deixam-no para trás e Oliver fica ao acolhimento da família que vivia na casa do assalto durante algum tempo, mas sempre na esperança de voltar a ver Sr. Bownlow, decide contar com a ajuda das boas donas da casa para encontrar o seu antigo bem-feitor. Reencontrando Oliver, Sr. Bownlow faz de tudo para encontrar as origens do rapaz, e factos reveladores e inesperados acabam por vir ao de cima.

Leitura absolutamente deliciosa.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Admirável Mundo Novo


Passado no ano de 2500, "Admirável Mundo Novo", é, segundo o autor, um "excesso da juventude", embora o tenha escrito com 38 anos. Aldous Huxley, enquanto vivo, várias vezes disse que este era um livro que deveria ter sido revisto e reescrito, mas que nunca o fez pois isso implicaria mudar o livro todo, e provavelmente destruir os méritos que ele tenha.

Neste "Admirável Mundo Novo", Henry Ford é elevado a divindade, e a concepção de novos séries é feita em massa, seguindo o modelo da produção em série idealizado por Ford. Criam-se dezenas de indivíduos, iguais uns aos outros, os chamados grupos Bokanovsky. É basicamente, clonagem em massa. E as pessoas são condicionadas desde embriões, quer a suportar melhor o calor, ou a suportar melhor o frio, a gostar de mais exercício, ou a gostar de pensar mais. Isso leva à divisão por castas. Ípsilons, Deltas e Gamas, que são sempre concebidos em enormes grupos Bokanosvky de 40, 60 ou 80 indivíduos, e os Betas e Alfas, que não passam pelo processo de Bokanosvky.

Além disso, desde a tenra idade dos 5 ou 6 anos, que as crianças têm educação sexual, para que se torne algo natural, e são encorajadas a estar ao pé de pessoas com doenças terminais, para aprenderem a encarar a morte como um processo natural. Tudo isso para que a sociedade esteja absolutamente controlada. Apenas uma pequena parte do planeta não pertence à actual civilização, são as chamadas reservas, onde vivem os Selvagens. É de uma dessas reservas, Malpaís, que vem o Selvagem, demasiado civilizado para Malpaís, e pouco civilizado para o resto do mundo, e portanto, excluído de ambos.

Este livro, mais do que uma obra literária, é uma forte crítica à cada vez mais forte industrialização da sociedade, e os efeitos nefastos do progresso tecnológico e científico. E vê-se claramente que o autor era uma pessoa mais do que pessimista, pois agarrou em coisas completamente normais, e que até poderiam dar (e algumas deram mesmo), azo a grandes avanços tecnológicos para melhor, e mostrou-nos o que de pior poderia acontecer.

A Laranja Mecânica


A obra maior de Anthony Burgess, "A Laranja Mecânica", mergulha-nos num mundo onde a violência é banal, e vista como o entretenimento óbvio para os adolescentes durante a noite. O aspecto mais proeminente neste livro, é o facto do narrador, o "humilde" Alex, narrar em "nadescente", que é o calão usado pelos adolescentes daquela altura, com carradas de palavras inventadas pelo autor, que foi buscar inspiração às várias gírias inglesas, ciganas, e línguas russas e eslavas. Aí tenho que destacar o belíssimo trabalho do tradutor, José Luandino Vieira, que conseguiu manter a história minimamente legível.

Claro que essa língua, o "nadescente", torna o livro numa leitura complicado, ao início. O glossário torna-se o nosso melhor amigo, e o nosso mais odiado conjunto de páginas. Mas ao fim de algum tempo habituamo-nos. E quando nos habituamos, ficamos presos à história. O narrador, Alex, um aficionado por música clássica, especialmente Beethoven, sai com os seus drucos (amigos) todas as noites para se divertir. Claro que esse divertimento envolve espancamentos, brigas, violações, e muito sangue, mas era o divertimento deles. E de todos os adolescentes.

Mas um dia Alex é apanhado pela polícia, e depois de dois anos na prisão é submetido a um tratamento de choque que o faz repudiar tudo o que seja violência. Basicamente obrigaram-no ao Bem. E isso, clara, levanta questões. Será um homem ainda um homem, se não tem livre-arbítrio? Existirá sequer um livre-arbítrio? Será que não é a mesma coisa um homem ser forçado a praticar o Bem, e um homem que escolhe praticar o Mal? Eu cá acho que: não, sim e sim. O livre-arbítrio existe definitivamente, um homem sem ele não é homem não é nada, e é a mesma coisa eu escolher praticar o Mal, e forçarem-me a praticar o Bem. São ambas acções completamente erradas, e embora a primeira seja erro meu, a segunda completamente imoral, e nem sequer devia fazer sentido a sua hipótese.

Todo o livro é muito forte, muito violento, e especialmente arrepiante, é a naturalidade com que a violência é descrita. Alex descreve os actos de violência praticados como algo belo, esplêndido, magnífico, quase como uma arte. Tudo isto em "nadescente" o que dá uma nova profundidade ao livro. Um... ante-final (?) inesperado, e um final um bocado estranho e um bocado... desmancha-prazeres, mas mesmo assim um grande livro.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Filipe Faria


Nascido a 11 de Fevereiro de 1982, frequentou a Academia de Stª Cecília durante um ano, tendo depois entrado na Escola Alemã de Lisboa, onde esteve desde o jardim de infância, até ao 12º ano.

Foi através desse contacto com a cultura alemã, tão diferente da nossa, que ganhou uma perspectiva diferente. Essa perspectiva, aliada a um precoce gosto pela leitura, em especial de literatura fantástica, de autores como Margaret Weis, Tracy Hickman, George R. R. Martin, e J. R. R. Tolkien, ao seu interesse pela Idade Média, e ainda à descoberta, no 8º ano, na biblioteca da escola, do livro Tolkien's Bestiary, que a fantasia tem sido uma paixão para este autor.

Foi assim, que aos 16 anos começou a escrever o seu primeiro livro, "A Manopla de Karasthan", que começou como um simples esboço, e evoluiu para um épico de quase 600 páginas, e que viria a ser o primeiro de uma saga de 7, "As Crónicas de Allaryia".

Foi com esse livro que ganhou o Prémio Branquinho da Fonseca, organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian e o Jornal Expresso, em Novembro de 2001. Em Janeiro de 2002, contactou a Editorial Presença, que publicou o seu livro em Abril desse mesmo ano, sendo seguido, em Dezembro, pelo segundo livro, "Os Filhos do Flagelo".

Ainda completou 3 anos do curso de Línguas e Literaturas Modernas, mas decidiu-se pela carreira de escritor, que tem tido sucesso. Já publicou mais 4 livros da saga, "Marés Negras", "A Essência da Lâmina", "Vagas de Fogo" e "O Fado da Sombra", tendo já prometido o 7º, e último livro. Já colaborou também num livro de banda desenhada, "Talismã", e num livro de contos em homenagem de António José Branquinho da Fonseca, no qual participaram os 4 vencedores das 2 edições do Prémio Branquinho da Fonseca.

Mas no entanto, foi com "As Crónicas de Allaryia", que o autor se distinguiu, e ainda distingue. Adorado por uns, odiado por outros, que vêm demasiadas influências de Tolkien, Dungeons & Dragons, e jogos de computador nos seus livros, a verdade é que Filipe Faria é um pioneiro da literatura portuguesa, sendo dos primeiros escritores portugueses da chamada High-Fantasy, ou Fantasia Épica, e sem dúvida, o mais bem sucedido.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Livros da Agatha Christie com o Correio da Manhã


A partir deste sábado, dia 12, começa uma colecção de livros da Agatha Christie, que sai com o Correio da Manhã. Esta excelente escritora, criadora do famoso Hercule Poirot, e a não menos famosa, Miss Marple, é uma das melhores escritoras de policiais de sempre, escreveu mais de 80 livros, que são dos mais traduzidos por todo o mundo, mesmo atrás da Bíblia, e das obras de Shakespeare.

A colecção vai contar com 26 títulos, e vai durar até 27 de Fevereiro de 2010, data em que sai o último livro da colecção. Os livros serão:

As Dez Figuras Negras, a 12/09/09, por 1,95€.
Um Crime no Expresso do Oriente + Morte nas Nuvens (2 livros), a 19/09/09, por 6,95€.
O Assassinato de Roger Ackroyd, a 26/09/09, por 6,95€.
O Misterioso Caso de Styles, a 03/10/09, por 6,95€.
Morte no Nilo, a 10/10/09, por 6,95€.
Os Cinco Suspeitos, a 17/10/09, por 6,95€.
Crime na Mesopotâmia, a 24/10/09, por 6,95€.
O Segredo de Chimneys, a 31/10/09, por 6,95€.
A Morte de Lorde Edgware, a 07/11/09, por 6,95€.
O Mistério do Comboio Azul, a 14/11/09, por 6,95€.
O Homem do Fato Castanho, a 21/11/09, por 6,95€.
As Investigações de Poirot, a 28/11/09, por 6,95€.
Perigo na Casa do Fundo, a 05/12/09, por 6,95€.
Encontro com a Morte, a 12/12/09, por 6,95€.
Um Brinde à Morte, a 19/12/09, por 6,95€.
Crime no Vicariato, a 26/12/09, por 6,95€.
Os Crimes do ABC, a 02/01/10, por 6,95€.
Um Corpo na Biblioteca, a 09/01/10, por 6,95€.
O Cão da Morte, a 16/01/10, por 6,95€.
Matar é Fácil, a 23/01/10, por 6,95€.
O Enigma do Sapato, a 30/01/10, por 6,95€.
O Enigma das Cartas Anónimas, a 06/02/10, por 6,95€.
Sangue na Piscina, a 13/02/10, por 6,95€.
Jogo Macabro, a 20/02/10, por 6,95€.
Anúncio de um Crime, a 27/02/10, por 6,95€.

Uma excelente colecção, com excelentes livros, de uma excelente autora, a excelentes preços. Eu cá não vou desperdiçar a oportunidade!

1984


Escrito em 1948, este livro retrata um hipotético futuro, onde o Estado tudo controla. Desde todas as acções de todos os membros do Partido, através dos telecrãs, instalados em todas as casas, até aos mais íntimos pensamentos, através de qualquer coisa que destaque uma pessoa. Foi para casa por um caminho diferente do que é costume? Suspeito. Tem um tique nervoso? Suspeito. Qualquer coisa que pudesse revelar uma luta interior de pensamentos, ou um estado de nervosismo, ou a mudança de hábitos, era alvo de suspeitas, e, na maioria dos casos, levava mesmo à prisão e tortura.

O objectivo do Estado, que toma a forma do Grande Irmão, e do Partido Interno, é controlar toda a gente, para que ninguém se oponha às suas ideias. Desde que nascem que as crianças são ensinadas a desconfiar de tudo e de todos, chegando muitas delas a espiar e denunciar os próprios pais. Todos os dias, os telecrãs passam os "Dois Minutos de Ódio", em que aparecem imagens do suposto inimigo do Partido, Emmanuel Goldstein, a gritar as suas ideias revolucionárias. Durante esses dois minutos, as pessoas são incentivadas a insultar Goldstein, gritar a plenos pulmões, e atirar coisas ao telecrã. Tudo para demonstrar como são a favor do Partido, e que aquelas ideias são absolutamente erradas.

Neste futuro, o mundo encontra-se dividido em Oceânia, Eurásia e Lestásia, e a sociedade da Oceânia está dividida em Partido Interno (os mais afortunados), Partido Externo (a classe média), e proles (a classe baixa, a quem o Partido dá total liberdade, mesmo de pensamento, tão fraca é a ameaça deles ao Partido), e está em criação uma nova língua, a novilíngua, cujo objectivo é encurtar o vocabulário, para oprimir a maneira de uma pessoa se expressar. Se não existir a palavra "revolução", o seu conceito deixa também de existir, eliminando qualquer hipótese de revolução.

Winston Smith, um membro do Partido Externo, sente-se compelido a escrever um diário, para pôr em papel as suas ideias revolucionárias contra o Partido, enquanto tem todos os dias, praticamente a toda a hora, fingir que nada se passa. Quando se apaixona por Julia, e simpatiza com O'Brien, um membro do Partido Interno, Winston vê-se envolvido em algo que não estava à espera...

Todo o livro é uma forte crítica ao totalitarismo, como o nazismo e o fascismo, por exemplo. Mas é também uma crítica a praticamente toda a política, com esta história de procurar o poder, pela simples ideia de ter poder. Do poder ser o objectivo, e não o meio, através do qual se ajuda as pessoas. O que é verdade, hoje em dia, em praticamente todo o lado. O que torna este livro extremamente actual, apesar de ter sido escrito há 61 anos, e faz dele um dos melhores livros de sempre.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Espada do Rei Afonso


Não gostei. Mas a culpa não é propriamente do livro. Quer dizer, é, mas não tem assim tanta culpa. É que é um livro mais direccionado para gente mais nova que eu... O que levou ao eu não ter gostado. Isto sem querer tirar o mérito à escritora. Se o tivesse lido há uns anos atrás, talvez tivesse gostado, mas agora nem por isso.

Ora vejamos, 3 irmãos estão no castelo de São Jorge. E um deles tem uma moeda, que deixa cair, e eles vão atrás dela, e vêem-se envoltos num nevoeiro, e quando dão por ela, estão em 1147, praticamente ao lado de D. Afonso Henriques. E lá ficam, em 1147, durante uns tempos, sendo tomados por bobos, profetas e médicos.

Tirando o facto de um dos irmãos parecer que só sabe dizer "coriscos!", e de D. Afonso Henriques parecer só saber dizer "catrâmbias!" e "ou vai tudo raso!", expressões, que muito sinceramente, me fartei completamente de ler, há várias coisas inverosímeis. Primeiro eles falam como muito lhes apetece ao rei, sem quaisquer maneiras. Isto já hoje dava direito a apanhar porrada, naquele tempo devia dar direito a um machado no pescoço... Mas no livro não, o rei ainda conversa com eles, feliz da vida.

Enfim, a escrita em sim é muito... nem sei como explicar, muito infantil, vá. O que eu sei é que o livro até é capaz de ser interessante para aqueles que estão a começar a ler, e que são mais novos, mas para mim não foi uma grande leitura.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Regresso de Sherlock Holmes I, II e III


O Regresso de Sherlock Holmes tem originalmente 13 contos, publicados em 1905, e divulgados em 1903 e 1904, pela revista Strand Magazine, dos quais só 9 se encontram nestes 3 livros:


A Ciclista Solitária
A Escola do Priorado
Pedro Negro
A Casa Vazia
O Construtor de Norwood
Os Dançarinos
Charles Augustus Milverton
O Atleta Desaparecido
A Granja da Abadia

Entre estes, destaco, obviamente A Casa Vazia, história usada para o regresso do detective da sua suposta morte, após vários protestos dos leitores, que obrigaram o autor a "ressuscitar" Sherlock Holmes. Watson quase que tem um ataque cardíaco ao ver o seu companheiro vivinho da silva, depois da sua suposta morte.

E tenho que admitir que foi extremamente engenhosa, a maneira como Conan Doyle o trouxe de volta. A explicação de que apenas Moriarty teria caído do precipício, mas que como o detective ainda tinha vários inimigos perigosos, decidiu fingir a sua morte, para ter algum sossego, e apenas voltar na altura certa.

Uma reviravolta impressionante, e que muito sinceramente, foi mais do que completamente inesperada!

domingo, 6 de setembro de 2009

Memórias de Sherlock Holmes I, II e III


As Memórias de Sherlock Holmes, têm, no original, 11 contos, publicados em 1894, tendo sido divulgados na revista Strand Magazine, em 1892 e 1893. Estes 3 livros, só trazem 10, desses 11 contos:


O Problema Final
O Paciente Internado
O Enigma de Reigate
O Corcunda
A Tragédia do Glória Scott
A Estrela de Prata
O Tratado Naval
O Intérprete Grego
O Ritual de Musgrave
O Escriturário da Corretagem

Estes contos são relatados por Watson, como sempre, mas já depois da (suposta) morte do detective. Pareceram-me contos com um tom mais sombrio, talvez numa tentativa do autor de transmitir o luto e o pesar de Watson, amigo intímo do detective.

Entre eles, temos A Tragédia do Glória Scott, que é, nada mais nada menos, do que a situação que fez Sherlock Holmes dedicar-se à sua profissão. O próprio detective contou a história a Watson, enquanto remexia nuns papéis, e este, como não podia deixar de ser, tomou as suas notas para mais tarde a relatar.

Encontramos também O Problema Final, que é uma das histórias mais importantes do detective, por ser aquela em que ele morre em confronto com Moriarty, o seu pior inimigo. Várias vezes Sherlock Holmes aponta Moriarty como sendo o mais brilhante criminoso de Londres, e possivelmente de toda a Europa, afirmando que se havia alguém capaz de rivalizar com ele, seria certamente Moriarty.

Mais uma vez, uma série de contos de casos estranhos e complicados, bem ao gosto de Sherlock Holmes.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Último Adeus de Sherlock Holmes


O Último Adeus de Sherlock Holmes inclui originalmente 8 contos de Sherlock Holmes, publicados em 1917, e divulgados pela Strand Magazine nos anos de 1893, e de 1908 a 1917. Neste livro vêm apenas 3, desses 8 contos:


Os Planos do Submarino Bruce-Partington
O Pé do Diabo
A Caixa de Papelão

3 contos, estranhos, como sempre, entre os quais temos Os Planos do Submarino Bruce-Partington, onde temos uma das raras aparições do irmão de Sherlock Holmes, Mycroft Holmes, que, segundo o detective, é ainda mais brilhante que ele próprio, e tem as mesmas capacidades que ele, embora muito mais aprimoradas, e que Mycroft só não se dedica à investigação criminal, ou a um trabalho mais activo, por lhe faltar a energia que Sherlock tem em demasia. O próprio Sherlock recorre várias vezes ao irmão, quando deparado com um problema complicado, ou quando em frente a uma pista que não consegue resolver.

Mycroft tem um trabalho especial no Governo Britânico, e é por causa de algo secreto dentro do próprio Governo, que ele recorre ao irmão, esperando que este resolva o mistério em volta da situação.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Aventuras de Sherlock Holmes I, II e III


As Aventuras de Sherlock Holmes, são originalmente compostas por 12 contos de Sherlock Holmes, publicados em 1892, sendo primeiramente divulgados na revista Strand Magazine, entre 1891 e 1892. Nestes 3 livros vêm apenas 10 dos 12 contos:


Um Escândalo na Boémia
O Mistério do Vale Boscombe
O Carbúnculo Azul
O Homem do Lábio Torcido
Um Caso de Identidade
A Faixa Malhada
As Cinco Sementes de Laranja
A Liga dos Cabeça Vermelha
O Solteirão Nobre
As Faias Cor de Cobre

Como na grande maioria das histórias deste famoso detective, todas estas histórias têm como particularidade o serem especialmente bizarras e fora do normal. Sherlock Holmes tinha um apetite peculiar por problemas interessantes, e quanto mais complicados melhor. Como que gostava de se pôr à prova e testar as suas capacidades.

São todas elas narradas por Watson, seu amigo, companheiro de aventuras e biógrafo, que mais do que uma vez declara a sua admiração pelas capacidades excepcionais de Sherlock Holmes, embora também revelasse ocasionalmente algum ressentimento pelas maneiras de Holmes, mas aceitava-as como sendo particularidades do amigo, que eram causa natural do seu trabalho e da maneira como trabalhava, em grande parte, devido àquela maneira de pensar e de agir muito própria dele, e deixava passar.

Todos estes contos são absolutamente fenomenais, estando entre eles aquele no qual Sherlock Holmes alguma vez revela algum interesse por uma mulher. Em Um Escândalo na Boémia, Holmes vê-se em confronto intelectual com Irene Adler, que consegue "vencer" o detective, deixando uma profunda marca na sua pessoa, que Sherlock Holmes várias vezes expressa admiração por aquela mulher.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Signo dos Quatro


Esta é a segunda história de Sherlock Holmes, onde, mais uma vez, presenciamos as brilhantes capacidades mentais desta personagem.

Desta vez é uma jovem, Mary Morstan, que procura Sherlock Holmes, e que conta uma estranha história. O seu pai morreu dez anos antes, e quatro anos após a sua morte, a jovem começa a receber anualmente uma pérola de grande valor, até que um ano, recebe um bilhete a marcar um encontro.

Preocupado e estranhando isto, a jovem procura Holmes, e pede-lhe ajuda para saber o que se passa. Holmes e Watson acompanham a jovem ao tal encontro, onde conhecem Thaddeus Sholto, filho do major Sholto, que era amigo do pai de Miss Morstan. Ele conta como o seu pai tinha escondido um tesouro, que pelos vistos lhe pertencia a ele e ao pai de Miss Morstan, e que tinha sido ele que tinha enviado as pérolas ao longo daqueles anos.

Mas o major Sholto morreu, e antes de morrer escondeu o tesouro, e expirou pela última vez, antes de poder revelar o esconderijo. Mas o irmão de Thaddeus, Bartholomew, encontrou-o, e é por causa disso que Thaddeus marcou o encontro com Miss Morstan. Juntos dirigem-se todos a casa de Bartholomew, mas encontram-no morto.

Um mistério, no qual Sherlock Holmes rapidamente se embrenha, tentando descobrir quem matou Bartholomew, mas só se encontrado com estranhas pistas...

Um caso bizarro e curioso, em que Holmes quase falha, devido à esperteza do criminoso. As capacidades de dedução e observação estão presentes nesta história, como em todas as desta personagem, e revelam-se, mais uma vez, espectaculares. Outro grande policial de Sir Arthur Conan Doyle.