Como já a Arisu disse, na sua opinião, arrepiantemente soberbo, é provavelmente a melhor maneira de descrever este livro. E não chega.
Aliado a uma história de uma originalidade inimaginável, temos uma qualidade de escrita impressionante. Os capítulos curtos, de acontecimentos rápidos, ajudam ao suspense, mantendo-nos agarrados do princípio ao fim.
O livro conta a história de Grenouille, nascido em Paris, com destino a morrer, mas que, por, quem sabe, sorte, sobrevive. Desde cedo nota que tem uma espécie de "dom" especial. O seu nariz. A sua capacidade olfactiva é absolutamente extraordinária, conseguindo cheirar pessoas a quarteirões de distância, ou conseguindo-se embriagar nalgum aroma particularmente agradável.
Junta ainda a isto, a sua mais do que excelente memória, e dedica-se à criação de uma "biblioteca de odores". Com o passar dos anos, inicia uma busca pelo perfume perfeito, e pela capacidade de extrair o aroma do que muito bem lhe apetecer. Torna-se perfumista, e parte para Grasse, onde descobre, finalmente, como produzir o aroma perfeito.
Pessoalmente, acho que a utilização dos odores para as descrições, apenas as torna mais ricas e realistas. Numa Paris do séc. XVIII, coisa que não falta são aromas, desde os mais delicados, ao puro fedor. E Grenouille delicia-se com isso, aprendendo os cantos à casa. Caminha no escuro, apenas com a ajuda do seu nariz, torna-se um perfumista exemplar, ao criar os mais belos perfumes, sem a utilização de uma única fórmula, apenas com a ajuda do seu poder olfactivo, e da sua poderosa memória.
Arrepiante, é certo, as mortes (ou não fosse este livro a História de um assassino), são sempre motivadas pelo odor, pelo desejo de possuir aquele cheiro tão absolutamente magnífico, e pela capacidade de produzir o aroma perfeito. Um livro que não é excessivamente pesado, é pequeno, lê-se rapidamente, e não é tão forte como muitas críticas dizem. Ah, e o final? Arrepiante. Sangrento. Excelente.