Há coisas que não sabem quando acabar. Piadas britânicas, actualizações do Windows e esta série. São aquelas coisas que começam, até podem conseguir atingir um certo nível de brilhantismo, mas depois insistem e continuam a arrastar-se de forma indefinida, como se quisessem propositadamente estragar tudo.
E se no humor britânico isso já é esperado, e faz parte do ADN da coisa, e nas actualizações do Windows não há nada a fazer a não ser fugir desse sistema operativo (viva o Linux!), a esta série só lhe está a fazer mal.
Os planos iniciais eram só até à quinta temporada. Foram cinco fantásticos conjuntos de episódios, a terminarem de forma espectacular, ligeiramente inesperada, e mais ou menos inovadora. Não teve um final feliz, mas sim um final compreensível e com lógica. Tudo estava bem nesse longínquo ano de 2010.
Hey Lucifer, não queres voltar e acabar com a miséria do programa? |
Foi então que decidiram continuar. Como é óbvio, a qualidade nunca foi a mesma, e o facto de há dois ou três anos terem dito "temos planos até à décima temporada", e agora estarmos à espera de uma décima primeira, é mais do que indicativo da forma como estão a fazer a série. Temporada atrás de temporada de "então e agora, o que vamos inventar?".
Nessa quinta temporada, cinco temporadas atrás, já tinham praticamente todos os bons elementos da série: o Dean, o Crowley, o Bobby, o Castiel, e enredos fortes. Até conseguiram, no último episódio, verem-se livros do Sam! Perfeito! Tirando o facto do episódio seguinte começar logo com o Sam de volta, sabe-se lá como. Apresentaram mais família dos irmãos Winchester, novas ameaças cada vez mais idiotas e incapazes (o plano dos Leviathans em junção com a loucura passageira do Castiel foi das coisas mais ridículas de sempre), e conseguiram arrastar a relação entre Dean e Sam até ao ponto em que parecem uma paródia deles próprios.
Sempre que há um momento de partilha entre os dois, eu rio-me. Não há outra reacção possível.
Chacina-os e fica com a série para ti Crowley, tu mereces. |
Para terem noção, nesta temporada o Dean, depois de morrer no final da temporada anterior, regressa como um demónio, graças a uma marca que tem no braço e que lhe foi dada por Cain, o homicida original, e anda por aí a fazer porcaria, mais o Crowley, satisfeitos da vida. Mas sabem o que é que acontece mais? Há uma personagem que regressa de Oz (não estou a brincar), aparece a mãe do Crowley (continuo a não estar a brincar) que é a bruxa mais poderosa de sempre (a sério), Sam consegue humanizar Dean (como é óbvio), e o mais parecido que há com uma nova ameaça são os Styne, que são na realidade a família Frankenstein (yap, isto acontece).
É isto. Não preciso de mais argumentos, para apontar o ridículo da situação, e é uma pena que esta série se tenha tornado nisto. Até voltei a ter algumas esperanças com o último episódio, em que Dean, incapaz de resistir à marca de Cain, que o está a transformar não tão lentamente quanto isso num selvagem sedento de sangue, faz um acordo com a Morte: ele mata o Sam (yay!) e a Morte envia-o para um planeta longínquo, onde não possa fazer mal a ninguém. Dean não pode morrer, graças à marca, portanto isto era um final duplamente agonizante, chocante e bom! Mas querem saber o que é que acontece?
Depois de tantas situações em que não fazem o que está certo para se salvarem um ao outro, e isso dar muito para o torto, o Dean arrepende-se do seu acordo, e MATA A MORTE! Não, a sério, ele mata-a com a sua própria foice. Mas calma, que felizmente o feitiço que a mãe do Crowley e companhia andavam a preparar para tirar a marca funcionou, e o Dean está livre! Só que no processo, libertaram a Darkness, que é uma nuvem gigante de fumo negro que aparece no horizonte e atropela os irmãos, seguros dentro do Impala.
O vilão da próxima temporada é uma nuvem de fumo. Era só isto. |
Triste, é só triste. A única vantagem disto é que nunca ninguém vai fazer uma paródia desta série: ela já existe e chama-se as últimas cinco temporadas.