Se há coisa que gosto de fazer, é discutir. Não no pior sentido da palavra, normalmente não tenho qualquer interesse em trocar galhardetes com alguém só porque sim. O que eu gosto é de debater, de trocar impressões, de conversar, no fundo.
Por isso não gosto nada quando estou a falar com alguém, seja pelo que for, e a certa altura sacam do argumento: “gostos não se discutem”. É uma forma simples e eficaz de matar uma conversa e de esse alguém se descartar de uma argumentação. Ou de me aturar.
Se a opção for a última, pronto, é legítimo. Qualquer coisa serve para evitarmos alguém. Mas quando esse “argumento”, que é mais uma sentença do que outra coisa, é usado a meio duma conversa sobre, digamos, livros… Bem, aí está o caldo entornado.
Eu imagino que o propósito dessa sentença seja o que Saramago tinha em mente quando disse que tinha aprendido a não convencer ninguém: não devemos forçar ninguém a pensar de nenhuma forma em particular, e muito menos tentar impingir a nossa forma de pensar. Isso é basicamente opressão.
Mas no entanto nada vejo de mal em tentar convencer o outro, a bem. Não com o intuito de forçar ao que quer que seja, mas de forma leve e amigável, digamos. E mesmo assim, "gostos não se discutem" continua a ser usado para matar conversas. "ah, os livros da Stephenie Meyer são os melhores de sempre", "não são nada, são uma grande bosta", "bem, gostos não se discutem".
Não, não e não. Os gostos discutem-se, claramente! Têm que, por exemplo, estar devidamente fundamentados. Além de que não vejo problema nenhum em tentar perceber o outro, e porque raio está ele a gostar de determinado livro (e onde).
É por isso que eu agradeço que comentem aí pelo blog, ele está cá para essas coisas! Quase tudo o que escrevo para aqui são opiniões, que tento sempre apresentar da forma mais fundamentada possivel, mas podem duvidar de alguma coisa.
E dessa forma é porreiro "tentar-me convencer" do que quer que seja... É pouco provável que me façam realmente mudar de ideias, mas talvez veja as coisas a uma nova luz. Isso é "discutir os gostos". Que, lá está, não prejudica nada...
Agora vejam lá se discutem coisas, e as debatem, e se tentam convencer uns aos outros das mais variadas coisas... Eu cá continuarei a fazê-lo, diga o ditado popular...